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Amazônia Perdeu 3,6% da Água de Rios e Lagos em 2024

  • Foto do escritor: Amazon Connection Carbon
    Amazon Connection Carbon
  • 10 de mai.
  • 3 min de leitura

Introdução

Em 2024, a Amazônia registrou redução de 3,6% em sua superfície líquida em comparação à média histórica (1985–2024), segundo dados do MapBiomas, resultando em pelo menos sete meses consecutivos abaixo dos níveis médios (CNN Brasil). Mesmo diante desse cenário de estiagem exacerbada, especialistas apontam que mecanismos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) e projetos de Aflorestamento, Reflorestamento e Revegetação (ARR) despontam como principais alavancas para a geração de créditos de carbono na região Norte do país, com elevado potencial técnico, econômico e acadêmico (UNFCCC REDD+; IPCC AR6 WGIII).


A perda de quase 4% das áreas alagadas na Amazônia reflete sequências de secas extremas, intensificadas pelo fenômeno El Niño e pelo aumento das temperaturas médias regionais (MapBiomas). Segundo relatório por satélite do MapBiomas, 63% das sub-bacias hidrográficas apresentaram níveis de água abaixo da média histórica em 2024, indicando uma vulnerabilidade crescente do bioma aos eventos extremos, com impactos diretos na navegação fluvial, abastecimento de água e logística regional (CNN Brasil; MapBiomas).



Oportunidades em REDD+ e ARR na Amazônia

O REDD+ é um mecanismo voluntário de mitigação climática que remunera a redução de emissões decorrentes de desmatamento e degradação florestal, bem como atividades complementares de conservação e incremento de estoques de carbono (UNFCCC REDD+ Web Platform).Estudos regionais em Manaus estimam estoques de carbono acima do solo variando entre 131 e 227 Mg C/ha, com potencial de sequestro anual de até 5 Mg C/ha em áreas de regeneração secundária (IPCC AR6 WGIII, Cap. 7). Análises do orgão IDESAM demonstram que políticas estaduais de REDD+ podem mobilizar investimentos subnacionais robustos, criando instrumentos jurídicos e financeiros para atrair parceiros do setor privado sem onerar o Tesouro Nacional (IDESAM).


Projetos de ARR — que englobam aflorestamento, reflorestamento e revegetação — visam remoção adicional de CO₂ da atmosfera, contribuindo tanto para metas de neutralidade quanto para a recuperação de ecossistemas degradados (IPCC AR6 WGIII). Levantamento do BNDES indica que, em um horizonte de 30 anos, iniciativas de restauração florestal em áreas públicas poderiam gerar cerca de 776 milhões de VCUs (Verified Carbon Units), com investimento estimado de até R$ 60 bilhões, dos quais 91% se concentrariam na Amazônia, principalmente nos estados do Pará, Rondônia e Amazonas (Agência BNDES).


Co-benefícios Socioambientais

Além das remoções de carbono, ARR fortalece a ação reguladora do ciclo da água, melhora a qualidade do solo, amplia a conectividade de habitats e promove a segurança alimentar por meio de sistemas agroflorestais (Embrapa). Projetos respaldados pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) apontam para práticas de revegetação que elevam a biodiversidade local e criam empregos verdes, com enfoque em metodologias participativas que envolvem comunidades tradicionais (UFRA).


Tanto REDD+ quanto ARR se valem de tecnologias de sensoriamento remoto para definir linhas de base, medir emissões evitadas e remoções adicionais e verificar integralmente o desempenho dos projetos (IPCC AR6 WGIII). Ferramentas como InVEST e participações de organismos como o Integrity Council for the Voluntary Carbon Market garantem robustez metodológica, rastreabilidade e credibilidade das unidades de carbono emitidas (Integrity Council).


Perspectivas de Mercado

O mercado voluntário global de créditos de carbono deverá alcançar US$ 50 bilhões até 2030, e o Brasil, por deter 15% a 20% desse potencial natural, tende a liderar pelo volume e pela qualidade dos projetos (McKinsey; Coopercitrus). Diante da COP30 em Belém, empresas e investidores avaliam estratégias de ESG (Environmental, Social and Governance) que incluam compra de créditos certificados, ampliação de portfólios verdes e mitigação voluntária, estabelecendo sinergias entre o setor público e privado (BNDES).


Conclusão

Apesar dos desafios hidrológicos agravados em 2024, as iniciativas de REDD+ e ARR oferecem um caminho sem controvérsias para monetizar serviços ambientais, recuperar funções ecológicas e promover o desenvolvimento sustentável da região Norte. A integração de abordagens técnicas, financeiras e acadêmicas cria um cenário promissor para que a Amazônia exerça papel central no mercado global de créditos de carbono, com respaldo em dados científicos e operacionais.


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Referências

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