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  • Gustavo Santos

Caatinga na era do crédito de carbono

A Caatinga, o único bioma exclusivamente brasileiro, está ganhando destaque no cenário global não apenas por sua biodiversidade única, mas também por sua incrível eficiência como sumidouro de carbono. Estudos recentes indicam que este bioma pode remover da atmosfera 5,2 toneladas de carbono por hectare a cada ano, posicionando-se entre os mais eficientes do mundo quando comparado a outros ecossistemas de clima semiárido.


A Caatinga, com seu clima árido e vegetação resistente, pode parecer uma paisagem de poucas surpresas. No entanto, uma pesquisa inovadora conduzida pelo Observatório Nacional da Dinâmica da Água e do Carbono no Bioma Caatinga (OndaCBC) está revelando um lado inesperado deste bioma: sua capacidade de sequestrar carbono da atmosfera, superando até mesmo regiões da Amazônia em determinadas condições.


Segundo o estudo, em média, a Caatinga remove 527 gramas de carbono por metro quadrado, o que a coloca em posição de destaque quando comparada a outras 30 áreas secas ao redor do globo. Para se ter uma ideia, a floresta tropical mais próxima em termos de eficiência fica no Peru, com 548 gramas por metro quadrado, enquanto outras regiões atuam, inclusive, como emissores de CO₂.


Os dados foram coletados ao longo de 13 anos por uma rede de torres micrometeorológicas espalhadas pelo semiárido brasileiro, localizadas em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Esses equipamentos medem de forma precisa as trocas gasosas entre a vegetação e a atmosfera, considerando fatores como temperatura, umidade e radiação solar. No entanto, o estudo apontou que o fator mais relevante para a absorção de carbono na Caatinga é a ocorrência de chuvas, mesmo que em pequenas quantidades, já que estimulam o crescimento vegetal.



Fonte: Caatinga 365 - Transformação da Caatinga ao longo de um ano | Embrapa


Essa descoberta é de suma importância para o desenvolvimento de políticas públicas de conservação, manejo sustentável e, especialmente, programas de crédito de carbono. A quantificação exata do carbono sequestrado pela Caatinga pode abrir novas oportunidades econômicas para as comunidades locais, por meio da venda de créditos de carbono no mercado voluntário e regulado. A Amazon Connection Carbon (ACC) está na vanguarda desse tipo de iniciativa, liderando projetos que atuam tanto em áreas florestais quanto não-florestais. A empresa está totalmente empenhada em desenvolver novos projetos que não apenas contribuam para a captura de carbono, mas também gerem benefícios socioeconômicos para as comunidades locais, reafirmando seu compromisso com um futuro mais verde e equilibrado​​.


Além de ser um sumidouro altamente eficaz, a Caatinga desempenha um papel crucial na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. A capacidade de sequestrar grandes volumes de CO₂ torna o bioma uma peça fundamental na luta contra o aquecimento global, especialmente em um momento em que o mercado de carbono se expande e as iniciativas de compensação de emissões ganham força.


O pesquisador Aldrin Perez Marin, do Instituto Nacional do Semiárido, salienta a importância da preservação da Caatinga, não apenas por suas funções ecológicas, mas também por seu potencial econômico. “Os resultados obtidos pelos estudos do OndaCBC mostram que a Caatinga pode contribuir significativamente para a mitigação das mudanças climáticas, o que fortalece a necessidade de políticas de conservação e o desenvolvimento de programas de manejo sustentável”, explica Marin.


O futuro do bioma Caatinga na era do crédito de carbono é promissor. Os dados coletados ao longo de mais de uma década oferecem uma base científica sólida para a inclusão do bioma em programas de neutralização de carbono, como o REDD+ e outras iniciativas globais de reflorestamento. O desafio agora é garantir a preservação e a recuperação de áreas degradadas, ao mesmo tempo em que se promovem atividades sustentáveis que beneficiem diretamente as comunidades locais.


Com os avanços nas pesquisas e o crescente interesse por projetos de crédito de carbono, a Caatinga pode se tornar uma fonte valiosa não apenas de biodiversidade, mas também de inovação econômica e social. A região, que ocupa cerca de 850 mil quilômetros quadrados do território nacional, pode ser protagonista em um cenário global que busca soluções para os desafios das mudanças climáticas.


O potencial está claro: a Caatinga não é apenas um deserto verde, mas um oásis de sustentabilidade.


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