A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP29), a ser realizada em Baku, Azerbaijão, começa na próxima segunda-feira , 11 de Novembro, em um momento crítico para o planeta. Os impactos das mudanças climáticas estão cada vez mais visíveis em todas as regiões do globo, com fenômenos climáticos extremos se tornando mais frequentes e intensos. O evento será uma oportunidade para os países reafirmarem e fortalecerem seus compromissos climáticos, muitos dos quais, desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015, ainda não foram cumpridos conforme as promessas originais. Entre os principais temas a serem abordados estão a descarbonização, a economia verde e as políticas de incentivo ao desenvolvimento sustentável, aspectos que têm nas Américas, com destaque para o Brasil, um eixo estratégico de soluções e de desafios.
O Acordo de Paris visa limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, mas, após quase uma década, muitos países ainda enfrentam dificuldades para cumprir suas metas climáticas. Relatórios do IPCC alertam que, sem uma redução substancial das emissões de gases de efeito estufa até 2030, o aumento de temperatura pode ultrapassar esse limite crítico, agravado pelo crescimento das emissões nos setores de energia e transporte após a pandemia. Adicionalmente, o financiamento climático prometido por países ricos não atingiu os 100 bilhões de dólares anuais, o que compromete o apoio às nações em desenvolvimento e impacta diretamente as regiões mais vulneráveis.
Com a recém eleição de 2024 nos EUA, há uma neblina de incertezas para as negociações climáticas, dado o papel central do país nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e na economia global. A continuidade de uma administração comprometida com a agenda climática, refletida em investimentos em energia limpa e incentivos à descarbonização, poderia fortalecer a cooperação internacional na COP29. Porém, uma possível mudança de governo para um perfil menos alinhado à sustentabilidade vai impactar negativamente a participação dos EUA em iniciativas como o mercado de carbono e o financiamento climático, comprometendo o objetivo global de emissões líquidas zero até 2050, conforme alerta do World Resources Institute.
O cenário do mercado de créditos de carbono, em particular, é sensível ao posicionamento norte-americano. Sendo uma das principais ferramentas para que empresas e governos possam compensar suas emissões, o mercado exige regulamentação rigorosa e um comprometimento consistente das principais economias mundiais para funcionar de forma eficaz. A posição dos Estados Unidos pode determinar o sucesso ou o fracasso de novas diretrizes para esse mercado, já que o país possui grandes corporações com forte influência e que são potenciais participantes desse sistema de compensação.
As Américas, com foco no Brasil, desempenham um papel vital na COP29. A Amazônia, que abriga cerca de 44% das florestas tropicais do mundo, é essencial para o equilíbrio climático global. A região possui um grande potencial para captura de carbono, enquanto o Brasil avança com iniciativas de reflorestamento e políticas industriais voltadas para a bioeconomia. A Nova Indústria Brasil (NIB) é um exemplo recente, projetada para impulsionar a competitividade das indústrias brasileiras através da inovação e sustentabilidade, com ênfase na promoção da economia verde. Políticas como essas podem destacar o Brasil como líder potencial no mercado de créditos de carbono e em programas de compensação de emissões, que têm grande impacto na preservação da biodiversidade e nas áreas de conservação.
Além disso, o continente americano também tem recebido importantes investimentos em energias renováveis, especialmente de países como os Estados Unidos, que canalizaram bilhões de dólares em projetos de energia solar e eólica na América Latina. Estes investimentos refletem um alinhamento estratégico que fortalece a região como um dos grandes polos de desenvolvimento sustentável, posicionando-a favoravelmente nas negociações da COP29. Contudo, há também desafios internos significativos, como desmatamento e pressões da indústria de combustíveis fósseis, que precisam ser enfrentados para que a região possa concretizar seu potencial como uma força climática positiva.
O mercado de créditos de carbono é um dos principais pontos em discussão. Esta ferramenta financeira, que permite a empresas e países compensarem suas emissões comprando créditos de projetos de captura de carbono, precisa ser expandida e regulada de forma mais eficaz. Países em desenvolvimento, como o Brasil, têm um potencial enorme para oferecer créditos com base em sua biodiversidade e em áreas preservadas, o que pode atrair bilhões de dólares em investimentos. Porém, a falta de regulamentação e as denúncias de fraudes no mercado de carbono exigem um marco regulatório sólido, garantindo que apenas créditos reais e verificáveis sejam comercializados. A COP29 pode ser um momento crucial para fortalecer a transparência e a integridade desse mercado.
O financiamento climático permanece uma questão central, especialmente para países em desenvolvimento que enfrentam impactos significativos das mudanças climáticas e necessitam de suporte financeiro para adaptação. A promessa de 100 bilhões de dólares anuais dos países desenvolvidos ainda não foi cumprida, gerando frustração entre nações vulneráveis. A COP29 surge como uma oportunidade para que esses países reafirmem compromissos financeiros e estabeleçam metas mais realistas, além de mecanismos de monitoramento eficazes. No contexto das negociações, a taxação de carbono também é debatida, com a União Europeia enfrentando críticas pela taxa de fronteira de carbono, vista por alguns como protecionismo econômico que prejudica economias emergentes, tema que poderá provocar impasses, mas também possibilitar avanços em regulamentações sustentáveis.
Finalmente, as discussões sobre adaptação climática são essenciais. Embora as ações de mitigação recebam mais atenção, a adaptação já é uma necessidade urgente para milhões de pessoas que vivem em áreas propensas a desastres naturais exacerbados pelo clima. Países costeiros e ilhas pequenas enfrentam a elevação do nível do mar e necessitam de infraestrutura resiliente para proteger suas populações. A COP29 deve abordar a alocação de recursos específicos para adaptação, promovendo resiliência para as nações mais expostas aos impactos climáticos.
A COP29 acontece em um momento decisivo, com a comunidade internacional pressionada a acelerar suas ações contra a mudança climática. As negociações deste ano exigem uma abordagem integrada para resolver questões como o financiamento climático, a regulamentação do mercado de carbono e o incentivo à inovação sustentável. Somente através de um esforço conjunto será possível superar os desafios que a mudança climática impõe e construir um futuro mais sustentável e seguro para todos.
A Amazon Connection Carbon (ACC) vai estar presente na zona azul e verde do evento, por meio de seu departamento de comunicação internacional, a apresentar soluções baseadas da natureza de seus projetos em andamento ou em portfólio que podem contribuir para as metas brasileiras e globais de redução de gases de efeito estufa. Se sua empresa busca ações para neutralização, descarbonização ou criação de projetos para geração de créditos de carbono, entre em contato. Estamos aqui para apoiar seu projeto com soluções que respeitam a natureza e asseguram um futuro mais sustentável.
Comments