Créditos de carbono impulsionam cacau sustentável na Amazônia
- Amazon Connection Carbon
- 5 de abr.
- 3 min de leitura
O crescente interesse pelos créditos de carbono vem abrindo novas oportunidades para produtores de cacau no Brasil, em especial na Amazônia. Em meio às discussões sobre a importância de manter a floresta em pé e promover práticas agrícolas sustentáveis, o cacau cultivado em sistemas agroflorestais desponta como uma alternativa promissora. Além de contribuir para a conservação da biodiversidade, esse modelo tem potencial para gerar renda extra por meio da venda de créditos de carbono.
De acordo com dados recentes da Organização Internacional do Cacau (ICCO), a demanda global pelo fruto ultrapassou 5 milhões de toneladas na safra 2022/2023, reforçando a relevância econômica e ambiental do setor. Já no Brasil, números do IBGE (2022) apontam um crescimento consistente da produção de cacau, especialmente em regiões como Bahia e Pará, onde produtores adotam práticas de manejo que aliam produtividade à preservação ambiental.
Agrofloresta e captura de carbono
Sistemas agroflorestais de cacau envolvem o cultivo consorciado de cacau com espécies nativas e frutíferas, mantendo a cobertura vegetal e, assim, favorecendo a captura de dióxido de carbono (CO₂). Um estudo da Embrapa (2021) estima que cada hectare de cacau em sistema agroflorestal pode sequestrar entre 3 e 4 toneladas de CO₂ por ano, dependendo das condições locais e do manejo. Esses números têm chamado a atenção de empresas e organizações que buscam compensar suas emissões de gases de efeito estufa, fomentando a compra de créditos de carbono originados na produção de cacau.
Filhas do Combu: exemplo de sustentabilidade em Belém
Um exemplo notável de produção sustentável na região amazônica é o trabalho das Filhas do Combu, uma iniciativa localizada na Ilha do Combu, próxima a Belém (PA). A marca, reconhecida pela alta qualidade de seus chocolates artesanais, investe em práticas agroecológicas que respeitam o ecossistema local. O cacau é cultivado em meio à floresta, aproveitando a umidade e a sombra natural das árvores de grande porte. Dessa forma, reduz-se a necessidade de desmatamento, mantém-se a fertilidade do solo e garante-se a preservação da fauna e da flora.
As Filhas do Combu também se destacam por valorizar a mão de obra local, promovendo a inclusão social e o fortalecimento da economia regional. Parte do sucesso de suas barras de chocolate vem justamente do cuidado em todas as etapas de produção, desde a colheita do cacau até a torra dos grãos e a embalagem final, que realça a origem amazônica.
Mercado de carbono em expansão
O mercado voluntário de créditos de carbono no Brasil vem ganhando força, com iniciativas públicas e privadas interessadas em compensar emissões. Empresas nacionais e estrangeiras têm buscado projetos confiáveis para aquisição de créditos, criando oportunidades de renda adicional para comunidades tradicionais e agricultores familiares. No caso do cacau, a combinação entre valor agregado do chocolate premium e geração de créditos de carbono amplia a competitividade dos produtores comprometidos com a conservação da floresta.
Especialistas apontam que, para garantir a credibilidade e a eficácia dos créditos gerados, é fundamental que os projetos sejam auditados e certificados por padrões reconhecidos internacionalmente, como o Verified Carbon Standard (VCS) e o Gold Standard. Essas certificações atestam que o sequestro de carbono está sendo medido e verificado de forma transparente, assegurando que as compensações sejam reais e permanentes.
Perspectivas Futuras
A crescente conscientização sobre as mudanças climáticas e a valorização de práticas produtivas sustentáveis impulsionam novas formas de uso da terra, especialmente por meio de sistemas agroflorestais. Nesse contexto, a Amazon Connection Carbon (ACC) acredita que atuação em projetos integrados à agricultura regenerativa da destaque para iniciativas de plantio sustentável de cacau na região amazônica.
Para consumidores, apoiar iniciativas como essas é reconhecer o valor de produtos oriundos de cadeias sustentáveis. Para produtores, os sistemas agroflorestais com cacau representam uma oportunidade concreta de diversificação econômica, conservação ambiental e inserção em um mercado em expansão, alinhado com os princípios da bioeconomia e da justiça climática. A ACC permanece comprometida em escalar essas soluções, consolidando seu papel como agente de transformação na Amazônia.
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