Como o Brasil pode se tornar líder no mercado global de carbono
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- há 17 horas
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O Brasil vive um momento de inflexão: novas políticas ambientais e os recentes movimentos globais por precificação de carbono criam janelas de oportunidade para que o país assuma protagonismo no mercado internacional de crédito de carbono — mas será preciso estruturar com rigor e integridade.
Novas bases regulatórias
Recentemente, o país aprovou a Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), fruto da Lei 15.042/2024 — um marco regulatório que estabelece um mercado de carbono regulado nacional.
Além disso, a institucionalização da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) e o lançamento de um novo plano climático nacional reforçam o compromisso do país com a transição para uma economia de baixo carbono.
Esse arcabouço confere previsibilidade regulatória, cria incentivos à descarbonização e prepara o terreno para empresas e produtores adotarem práticas mais sustentáveis.
Potencial natural e competitivo
O Brasil combina diversos fatores favoráveis:
Extensa cobertura florestal e elevado potencial de restauração de paisagens degradadas;
Matriz energética historicamente mais limpa que a média global;
Experiência ambiental e biodiversidade, que podem ser transformadas em vantagens comparativas em mercados que valorizam produtos de baixo carbono.
Essa combinação coloca o país numa posição privilegiada para gerar créditos de carbono de qualidade — sejam de remoção (florestamento, restauração), preservação ou mitigação — e ofertá-los a compradores globais.
Pressão externa e urgência de adaptação
Pressões internacionais já mostram o quanto o tema carbono e sustentabilidade afetam comércio e competitividade. Por exemplo, o mecanismo europeu de ajuste de fronteira para carbono (CBAM) sinaliza que importações serão taxadas conforme sua pegada de carbono — o que torna a rastreabilidade e a pegada ambiental tão importantes quanto preço e produtividade.
Se não se adaptar, o agro, a indústria e o setor de commodities poderão perder competitividade ou enfrentar barreiras de acesso aos mercados externos.
Integração global e atratividade para investimentos
Na recente COP30, o Brasil liderou a proposta de uma Open Coalition on Compliance Carbon Markets — coalizão internacional para integrar mercados regulados de carbono, harmonizar regras de medição e verificação e facilitar reconhecimento mútuo de créditos entre países. Esse movimento pode trazer escala, liquidez e confiabilidade ao mercado brasileiro, atraindo investidores nacionais e estrangeiros interessados em créditos de carbono de integridade e transparência.
O caminho — o que precisa ser feito
Para que o Brasil converta seu potencial em liderança concreta no mercado global de carbono, será essencial:
Garantir a qualidade e transparência dos créditos: monitoramento, MRV (Monitoramento, Relato e Verificação) rigorosos, metodologias robustas e rastreabilidade pública;
Integrar setores regulados e voluntários sob princípios claros de governança e integridade, evitando risco reputacional e má-gestão;
Usar os instrumentos regulatórios (SBCE, TSB, marco legal climático) como selo de confiança para investidores domésticos e estrangeiros;
Aproveitar o potencial natural, de restauração e energia limpa para ofertar créditos com baixo carbono embutido e altos padrões ambientais, sociais e de biodiversidade.
Por que essa liderança importa
Assumir protagonismo no mercado de carbono significa mais do que gerar créditos: significa redefinir o papel do Brasil como ator de relevância global na transição climática, alinhando comércio, conservação, desenvolvimento sustentável e justiça ambiental.
Para o país, isso representa não apenas oportunidade econômica, mas também a chance de reconciliar produção, preservação e prosperidade — transformando floresta em pé, solo fértil e biodiversidade em ativos valiosos.
Fontes
IETA — Working Paper “Alavancando o mercado de carbono do Brasil”. IETA
Documento “O papel estratégico do Brasil no mercado de carbono” (PwC, 2025). PwC
Decreto e documentação da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB). Bichara Advogados
Análise sobre riscos e oportunidades para exportações brasileiras frente ao CBAM. IETA
Reportagens sobre a coalizão internacional de mercados regulados de carbono apresentada na COP30. COP30 Brasil Amazônia | clearbluemarkets.com



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