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Como o Brasil pode se tornar líder no mercado global de carbono

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    Amazon Connection Carbon
  • há 17 horas
  • 3 min de leitura

O Brasil vive um momento de inflexão: novas políticas ambientais e os recentes movimentos globais por precificação de carbono criam janelas de oportunidade para que o país assuma protagonismo no mercado internacional de crédito de carbono — mas será preciso estruturar com rigor e integridade.


Novas bases regulatórias

Recentemente, o país aprovou a Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), fruto da Lei 15.042/2024 — um marco regulatório que estabelece um mercado de carbono regulado nacional.


Além disso, a institucionalização da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) e o lançamento de um novo plano climático nacional reforçam o compromisso do país com a transição para uma economia de baixo carbono.


Esse arcabouço confere previsibilidade regulatória, cria incentivos à descarbonização e prepara o terreno para empresas e produtores adotarem práticas mais sustentáveis.

Potencial natural e competitivo


O Brasil combina diversos fatores favoráveis:

  • Extensa cobertura florestal e elevado potencial de restauração de paisagens degradadas;

  • Matriz energética historicamente mais limpa que a média global;

  • Experiência ambiental e biodiversidade, que podem ser transformadas em vantagens comparativas em mercados que valorizam produtos de baixo carbono.


Essa combinação coloca o país numa posição privilegiada para gerar créditos de carbono de qualidade — sejam de remoção (florestamento, restauração), preservação ou mitigação — e ofertá-los a compradores globais.


Pressão externa e urgência de adaptação

Pressões internacionais já mostram o quanto o tema carbono e sustentabilidade afetam comércio e competitividade. Por exemplo, o mecanismo europeu de ajuste de fronteira para carbono (CBAM) sinaliza que importações serão taxadas conforme sua pegada de carbono — o que torna a rastreabilidade e a pegada ambiental tão importantes quanto preço e produtividade.


 Se não se adaptar, o agro, a indústria e o setor de commodities poderão perder competitividade ou enfrentar barreiras de acesso aos mercados externos.

Integração global e atratividade para investimentos


Na recente COP30, o Brasil liderou a proposta de uma Open Coalition on Compliance Carbon Markets — coalizão internacional para integrar mercados regulados de carbono, harmonizar regras de medição e verificação e facilitar reconhecimento mútuo de créditos entre países.  Esse movimento pode trazer escala, liquidez e confiabilidade ao mercado brasileiro, atraindo investidores nacionais e estrangeiros interessados em créditos de carbono de integridade e transparência.


O caminho — o que precisa ser feito

Para que o Brasil converta seu potencial em liderança concreta no mercado global de carbono, será essencial:

  • Garantir a qualidade e transparência dos créditos: monitoramento, MRV (Monitoramento, Relato e Verificação) rigorosos, metodologias robustas e rastreabilidade pública;

  • Integrar setores regulados e voluntários sob princípios claros de governança e integridade, evitando risco reputacional e má-gestão;

  • Usar os instrumentos regulatórios (SBCE, TSB, marco legal climático) como selo de confiança para investidores domésticos e estrangeiros;

  • Aproveitar o potencial natural, de restauração e energia limpa para ofertar créditos com baixo carbono embutido e altos padrões ambientais, sociais e de biodiversidade.


Por que essa liderança importa

Assumir protagonismo no mercado de carbono significa mais do que gerar créditos: significa redefinir o papel do Brasil como ator de relevância global na transição climática, alinhando comércio, conservação, desenvolvimento sustentável e justiça ambiental.


Para o país, isso representa não apenas oportunidade econômica, mas também a chance de reconciliar produção, preservação e prosperidade — transformando floresta em pé, solo fértil e biodiversidade em ativos valiosos.

Fontes

  • IETA — Working Paper “Alavancando o mercado de carbono do Brasil”. IETA

  • Documento “O papel estratégico do Brasil no mercado de carbono” (PwC, 2025). PwC

  • Decreto e documentação da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB). Bichara Advogados

  • Análise sobre riscos e oportunidades para exportações brasileiras frente ao CBAM. IETA

  • Reportagens sobre a coalizão internacional de mercados regulados de carbono apresentada na COP30. COP30 Brasil Amazônia | clearbluemarkets.com

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